terça-feira, 28 de agosto de 2007

Capacitação Sim, adestramento Não!

Em 20 de agosto de 2007, o Ministério do Trabalho e do Emprego ingenuamente assinou, como parte do Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego (PNPE, agora ProJovem), um convênio com a Microsoft Brasil, nesses termos. http://www.oxigenio.org.br/a_noticias_detalhes.asp?cod_noticias=164

A Microsoft oferece a professores e alunos permissão e adestramento para uso do software que comercializa, tornando-os agentes de promoção e disseminação do software e extensão do monopólio e da dependência tecnológica determinados pelo software e pelos formatos secretos em que ele armazena informação.

Ainda que duplicar software, material didático e permissões de uso tenha custo praticamente nulo, calculam e alardeiam a doação fictícia total a partir do preço de mercado desses itens, que só será pago de fato por empregadores que ainda sofram dessa dependência e portanto ainda vejam utilidade no adestramento. Pagando por licenças para que cada empregado possa utilizar legalmente o software em que foi adestrado, oferecerão à Microsoft um retorno muitíssimo maior que os R$4,00 fictícios por ela doados.

Felizmente, muitos empregadores têm escapado dessa armadilha através do Software Livre, que não faz o usuário nem seus dados reféns de um fornecedor monopolista. Têm adotado suítes de escritório como BROffice.org, navegadores como Mozilla Firefox, e até sistemas operacionais completos recheados de aplicações, como as milhares de variantes de GNU+Linux que existem.

Software Livre não exige pagamento de licença por usuário, mesmo quando obtido a partir de um fornecedor comercial, razão pela qual é a escolha natural para programas de inclusão digital em que se rejeita a influência daninha dos empresários monopolistas. Software Livre, ao contrário, impede a formação de monopólios, garantindo ao usuário a possibilidade de contratar qualquer fornecedor para prestar serviços que necessite relacionados o software, ou mesmo de estudar e alterar o comportamento do software. Se for de seu interesse, pode até participar de seu desenvolvimento e oferecer serviços sobre ele.

Com tantas vantagens, além de maior facilidade de uso, maior segurança, maior eficiência e maior estabilidade, não é surpresa que governos e empresas venham demandando cada vez mais profissionais capacitados no uso dessas aplicações e sistemas operacionais Livres, em número muito maior do que o número de profissionais disponíveis com essas qualificações.

É por causa dessa demanda não atendida que a remuneração dos capacitados em Software Livre é hoje maior que a dos capacitados em software proprietário. Infelizmente, esse pacto condena os ProJovens a uma remuneração menor e à escravidão digital, ao mesmo tempo em que atrasa ainda mais o desenvolvimento econômico e tecnológico do país.

Não pedimos que se rejeitem contribuições para a formação profissional de jovens brasileiros. Só pedimos que tais contribuições venham numa forma em que possam ser aplicadas no que seja melhor para os jovens e para o país, ao invés de favorecerem exclusivamente ao próprio doador e seus parceiros, prejudicando a todos os demais.

Anzóis escondidos em iscas ilusórias que se fazem passar por contribuições não servem ao bem comum. Ao contrário, levam quem busca fazer o bem a promover, sem perceber, interesses contrários. Ofertas que, ao invés de somar, subtraem devem ser rejeitadas, não importa quão atraentes pareçam. Devemos atentar não para a isca, mas para o anzol nela escondido.

São contribuições desinteressadas, sem armadilhas escondidas, que possibilitam perseguir o interesse público. Essas por certo não desaparecerão frente à possibilidade de serem utilizadas para dar passos na direção de uma sociedade mais justa.

Folheto de protesto
- http://www.softwarelivre.org/news/9804

Hoje não há como se capacitar alguém em TI somente com tecnologia proprietária. Softwares livres são de uso comuns hoje vide Apache, MySQL, PHP, Firefox e outros. Agora por que capacitar esses jovens somente com software proprietário? Vão capacitar eles para serem formatadores de PCs? Serão eles pessoas que acharam que tudo que provem da capital do software proprietário é bom? Estarão eles aptos a trabalhar em empresas com redes híbridas? Essa é a questão a se pensar. O Brasil tem a necessidade de capacitar os jovens, mas capacitar o jovem de forma incompleta, onde ele desconhece o mundo real a sua volta onde existem softwares proprietários e livres convivendo em empresas, é apenas perca de tempo, pois sempre serão profissionais incompletos. Nunca atenderão plenamente os anseios do mercado.
Não podemos deixar que uma empresa monopolista atue tornando esses jovens em vendedores e promotores de suas soluções. Capacitar os jovens em TI é torna-los aptos em analisar e apontar a melhor solução para o cliente, e não o que estão propondo. Temos que defender nossos jovens das garras do monopólio, não por ser contra a empresa X e a favor da empresa Y, mas por eles que entrarão no mercado de trabalho condicionados a um mundo fictício, onde somente o software proprietário existe é a solução de todos os problemas.

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